Esta semana – de 22 a 28 de agosto – é recheada de aniversariantes especiais da nossa MPB!

Além de Paula Toller, Fernanda Takai, Paulinho Moska e Sandra Sá – que já receberam nossas homenagens por aqui – ainda temos mais Chico Chico, Ruy Guerra e Dori Caymmi apagando as velinhas nesta semana de agosto. E Nonato Buzar completaria 90 anos no dia 26 de agosto, se não tivesse nos deixado em 2014, aos 81 anos.

Vamos falar um pouquinho de cada um desses importantes nomes da nossa MPB?

1 – Nonato Buzar

O cantor, compositor e produtor musical Nonato Buzar completaria 90 anos no dia 26 de agosto, se não tivesse nos deixado em 2014, aos 81 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos. Nascido em Itapecuru-Mirim, no interior do Maranhão, mudou-se para o Rio de Janeiro aos 20 anos, quando iniciou sua carreira artística.

Em meados dos anos 60, Buzar passou a liderar – ao lado de Wilson Simonal e Carlos Imperial – um movimento musical que levou o nome de Pilantragem, em que uniam o samba, o iê-iê-îê e o soul, trazendo influências também da bossa nova, do jazz e da música de protesto, sem perder a qualidade, mas trazendo um som que era diferente de tudo isso, e que eles definiam como “mais comunicativo”, que se comunicasse melhor com as massas e fosse mais popular.

A elaboração de arranjos – feitos principalmente pelo pianista César Camargo Mariano – e repertórios buscava a união do bom gosto com essa comunicação imediata. Nessa linha, Nonato Buzar compôs diversos grandes clássicos da MPB, como: Carango (parceria com Carlos Imperial, de 1966) e Vesti Azul (de 1967), ambas imensos hits na voz inconfundível de Simonal, e a primeira também sucesso na voz de Erasmo Carlos.

Outros grandes sucessos de Buzar são as canções Assim na Terra como no Céu (parceria com Roberto Menescal e Paulinho Tapajós, gravada por nomes como Maysa e Tim Maia), Irmãos Coragem (parceria com Paulinho Tapajós, gravada por nomes como Jair Rodrigues e Milton Nascimento), e Menininha do Portão (também parceria com Tapajós, gravada por Simonal e Maria Rita).

2 – Chico Chico

Nascido no Rio de Janeiro, em 28 de agosto de 1993 – e completando 29 anos nesta semana – o cantor e compositor Francisco Eller ou Chico Chico – seu nome artístico – é filho de uma das maiores vozes da história da música popular brasileira: Cássia Eller.

Chicão (como é conhecido pelos mais íntimos – ou por todos – desde que sua mãe gravou a canção 1º de Julho, que Renato Russo compôs especialmente para ela quando estava grávida e em que a cantora termina dizendo: “Meu amor, meu Chicão…”) já nasceu em cima

de um palco. Aos oito anos de idade perdeu uma de suas mães – Cássia nos deixou inesperadamente aos 39 anos, vítima de um infarto do miocárdio – mas não sem antes acompanhá-la em shows e turnês, tendo inclusive tendo tocado percussão com ela no histórico show do Rock in Rio 2001.

Chico Chico resolveu seguir os passos da mãe e aproveitar o talento impressionante que trouxe do berço, somado a toda a bagagem musical que veio formando ao longo de seus 29 anos de vida: no ano passado, lançou o seu primeiro disco solo e inteiramente autoral, Pomares.

De certa forma, ouvir Chico Chico nos dá um afago no coração: sua voz, seu timbre, seu jeito de cantar são muito parecidos com os de Cássia, claro, “é o mesmo DNA”, como ele mesmo diz. Mas, ao mesmo tempo, Chicão vem nos mostrar o artista completo que é, dono de uma personalidade única, uma identidade formada pelos encontros musicais que teve ao

longo da vida (antes de Pomares, gravou um disco junto com João Mantuano, outro com Francisco Gil e um com a banda 2×0 Vargem Alta) e uma sensibilidade artística que impressiona.

3 – Ruy Guerra

O poeta, letrista, cineasta e dramaturgo Ruy Guerra completa 91 anos neste 22 de agosto. Ruy Guerra nasceu em 1931, em Moçambique, então colônia africana portuguesa às margens do Oceano Índico. Desde jovem foi um apaixonado pela palavra e pela imagem. Escreveu poesias, contos, críticas cinematográficas e filmou um documentário sobre o cotidiano dos trabalhadores das docas desse importante porto da África Austral.

Aos 20 anos, foi para Paris, onde se formou cineasta. Desembarcou no Rio de Janeiro em julho de 1958 e fez do Brasil seu país de adoção. Radicou-se por aqui e seus dois primeiros filmes – Os Cafajestes (1962) e Os Fuzis (1964, Urso de Prata de Berlim) – logo o tornaram conhecido no cenário cinematográfico brasileiro e mundial. Foi o primeiro cineasta do grupo do Cinema Novo a filmar fora do Brasil (na França, em 1968).

No Rio de Janeiro dos anos 60 e 70, foi parceiro letrista de jovens músicos que iniciavam suas carreiras e que – pouco depois – tornaram-se grandes nomes da MPB, como:

  • Edu Lobo, com quem compôs – entre outras – as canções Aleluia (1965, gravada por Edu, Elis Regina e Nara Leão, com quem Ruy foi casado por um tempo), Reza (1964, gravada por Edu, Baden Powell e por Elis) e Canção da Terra (1964, também gravada por Nara e Milton Nascimento);
  • Francis Hime, com quem compôs – entre outras – a canção Minha (1966, gravada por nomes como Elis Regina, Ivan Lins e Wilson Simonal) e Por Um Amor Maior (1965, gravada por Elis);
  • Milton Nascimento (com quem escreveu, entre outras, Cadê, em 1973, gravada por Milton e por Gal Costa, e Canto Latino, de 1971);
  • Sérgio Ricardo (com quem compôs Esse Mundo é Meu (de 1964, gravada por nomes como Elis, Nara e Jair Rodrigues);
  • Chico Buarque (com quem compôs – entre outras – Bárbara, de 1972, gravada por Chico, Caetano Veloso, Ângela Ro Ro e Maria Bethânia); Fado Tropical (de 1973, gravada também por Clara Nunes); Não Existe Pecado ao Sul do Equador (de 1973, gravada por nomes como – além de Chico – Ney Matogrosso e MPB-4); e Tatuagem (de 1973, sucesso na voz de Elis Regina, mas também gravada por Elizeth Cardoso, Maria Bethânia, Nara Leão e pelo próprio Chico).

Com Chico Buarque, Ruy Guerra ainda escreveu e dirigiu o musical Calabar: o Elogio da Traição, proibido pela censura da ditadura militar, em 1973; e filmou o musical A Ópera do Malandro, em 1985. Chico Buarque e Ruy Guerra também fizeram juntos a canção Sonho Impossível, uma versão do clássico The Impossible Dream, do espetáculo musical da Broadway O Homem de La Mancha, composta por Joe Darion e Mitch Leigh. A versão brasileira fez muito sucesso na voz de Maria Bethânia.

Em 1980, Guerra regressou a Moçambique, então já independente, para rodar Mueda, Memória e Massacre, primeiro longa-metragem da história do país. Viveu ainda em Cuba e rodou o mundo atrás de sua paixão por filmar, mas – em meados de 1990 – voltou a se fixar no Rio de Janeiro, onde vive até os dias atuais.

4 – Dori Caymmi

Nascido no Rio de Janeiro, em 26 de agosto de 1943, o instrumentista, cantor, produtor musical, arranjador e compositor Dori Caymmi completa 79 anos nesta semana.

Filho do meio do grande Dorival Caymmi – lenda da nossa música e da nossa cultura popular – e irmão dos também cantores e compositores Nana e Danilo Caymmi, Dori iniciou seus estudos de piano aos oito anos de idade, e, em 1959, fez sua estreia profissional acompanhando a irmã ao violão.

Em 1960, tornou-se membro integrante do Grupo dos Sete (famoso grupo cênico liderado por Fernando Torres, em que compunha e executava música incidental para peças teatrais e teleteatros). Co-dirigiu e tocou violão nas antológicas peças Opinião (1964) e Arena Conta Zumbi (1966), trabalhos de transição estilística entre a Bossa Nova e a moderna MPB.

Sua canção Saveiros (parceria com Nelson Motta) venceu o I FIC (Festival Internacional da Canção), em 1966, defendida por Nana Caymmi. Seu primeiro disco solo é de 1972 e – desde então – já são mais de 20 discos lançados.

Dori Caymmi foi produtor de discos de grandes nomes da MPB como Edu Lobo, Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil. e Nara Leão, e é autor de sucessos como: Alegre Menina (parceria com Jorge Amado), Saudade de Amar e Desenredo (parcerias com Paulo César Pinheiro), De Onde Vens e O Cantador (parcerias com Nelson Motta).

Também foi diretor musical do seriado Sítio do Pica-Pau Amarelo, para o qual contribuiu com diversos arranjos e composições. Sempre foi ligado à literatura brasileira, pois seu pai foi amigo e parceiro de Jorge Amado.